Shopee intensifica expansão logística enquanto Temu cresce e TikTok Shop estreia no Brasil


A Shopee anunciou uma nova ofensiva logística no Brasil. Em maio de 2025 a plataforma inaugurou cerca de 2.000 novos pontos de retirada (“Agências Shopee”) espalhados pelo país – elevando o total para ~4,5 mil agências ativas em mais de 400 cidades – e planeja chegar a 1.000 cidades até o fim do ano. Ao mesmo tempo, abriu seu 13º centro de distribuição nacional, em Pernambuco, no modelo fulfillment, que centraliza armazenamento e envio dos pedidos. Essa unidade deve gerar mais de 1.000 empregos diretos e indiretos até 2025. Junto do hub recém-inaugurado em Porto Velho (Rondônia) – quarto na região Norte, que já conta com Manaus, Palmas e Belém – essas ações aumentam a capacidade operacional da Shopee, encurtando prazos de entrega e fortalecendo vendedores fora dos grandes centros. Em resumo, a Shopee acelera seus serviços de logística próprios (Shopee Xpress), beneficiando consumidores e lojistas locais com entregas mais rápidas e facilidades de devolução.

Temu e a concorrência chinesa


O rival chinês Temu segue em rápida ascensão no Brasil. Em abril de 2025 o aplicativo chinês registrou crescimento de 25,8% em acessos mensais, atingindo 276 milhões de visitas no mês, superando a Shopee e assumindo a 2ª posição no ranking de tráfego do e-commerce nacional. A empresa agora responde por cerca de 9,9% de todo o tráfego online de varejo (contra 12,3% do líder Mercado Livre). Esse avanço impulsionou o setor de importados – atingindo 450 milhões de acessos em abril (alta de +132% em 12 meses) – sinalizando grande demanda por produtos estrangeiros. Para os vendedores brasileiros, essa intensificação da competição implica dois desafios: concorrer com preços agressivos de importados e, ao mesmo tempo, considerar novos canais. Por outro lado, a crise das “blusinhas” (taxas sobre importações pequenas) ajuda a nivelar o campo: especialistas já observam que 90% das vendas da Shopee são feitas por lojistas nacionais, o que favorece quem produz e vende localmente. Em suma, a Temu pressiona no preço e na variedade, mas abre espaço para que empreendedores locais ajustem portfólio e explorem nichos (como itens de tecnologia e drones, que lideram em várias regiões Norte e Nordeste).

## TikTok Shop estreia no Brasil
Outro competidor movimentou o mercado: o TikTok Shop lançou oficialmente sua operação brasileira em maio de 2025. Integrado ao app de vídeos curtos, ele permite compras in-stream e já é apontado como potencial para “redesenhar” a competitividade do varejo. Grandes marcas rapidamente entraram na onda – por exemplo, a Riachuelo estreou no TikTok Shop com um portfólio de mais de 5 mil produtos (vestuário, calçados, acessórios, etc.). A estratégia de entrada foca em live commerce, parcerias com influenciadores e cupons promocionais: a varejista ofereceu descontos de 20% na primeira compra e até 50% em transmissões ao vivo. Para o empreendedor online, o TikTok Shop representa nova vitrine de vendas, especialmente para atingir público jovem e engajado. Mas exige adaptação: é preciso produzir vídeos atrativos, fazer lives de produto e explorar ferramentas nativas (filtros, efeitos, mini-games) para gerar tráfego. A tendência é que pequenos lojistas aproveitem esse canal para divulgar produtos de forma criativa, competindo lado a lado com os grandes.

Regras de importação e fiscalização

O ambiente regulatório também mudou. Em julho de 2024 foi sancionada a chamada “taxa das blusinhas”: compras internacionais de até US$50 agora pagam imposto de importação de 20% a partir de 1º de agosto de 2024. Na prática, isso elimina isenções anteriores e encarece itens importados baratos. Em paralelo, a fiscalização se intensificou: no dia 26/05/2025 a Anatel realizou operação em centros logísticos de grandes marketplaces e apreendeu mais de 1,5 mil produtos irregulares (drones e eletrônicos sem certificação). Essa ação incluiu questionamentos à Shopee e às demais plataformas, sinalizando que vendedores devem estar atentos às normas técnicas e fiscais. Além disso, a reforma tributária prevê novos impostos sobre importações (CBS e IBS) que entrarão em vigor gradualmente a partir de 2026, sem tratamento especial para pequenas compras. Ou seja, a tendência é que produtos importados continuem a ficar progressivamente mais caros e burocráticos. Para os vendedores brasileiros, isso representa maior proteção à produção local: quanto mais regras e taxas, mais vantagem competitiva terá quem fabrica ou revende produtos nacionais.

Impactos e oportunidades para vendedores

Em suma, o cenário recém-atualizado traz tanto desafios quanto possibilidades. Por um lado, a intensa concorrência (Temu, TikTok Shop e outros) pressiona preços e exige inovação. Por outro, as melhorias logísticas da Shopee ampliam o mercado: mais pontos de retirada e centros de distribuição significam que os clientes compram com mais confiança na plataforma. Vendedores locais devem aproveitar essa estrutura ampliada, garantindo entregas rápidas e confiáveis. Além disso, com a ‘taxa das blusinhas’, produtos estrangeiros perdem parte do atrativo de baixo custo; isso nivela a competitividade para quem oferece mercadorias similares produzidas no Brasil. Outro lado positivo é que o e-commerce brasileiro continua em crescimento: PMEs do setor faturaram R$2 bilhões no 1º semestre de 2024, alta de 33% ante 2023, e a Shopee sozinha teria alcançado cerca de R$60 bilhões de GMV em 2024. Diante disso, recomenda-se aos empreendedores do varejo online diversificar canais (como TikTok Shop e lives na própria Shopee), investir em experiência de compra e portfólio diferenciado, e ficar de olho nas tendências de consumo regionais. Com isso, é possível transformar o frenesi competitivo e as novas políticas em oportunidades concretas de crescimento nas vendas online.


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